PET LOVERS “IN COMPANY”
Trabalhei por anos na H Mídia, dirigindo parte das suas operações, e certa vez, por ausência de outra alternativa, uma das diretoras passou a levar a sua cachorrinha “Tina”, uma York Shire bebê, para o ambiente de trabalho.
Tina Turner na H mídia.
Não preciso dizer que foi amor à primeira vista, generalizado. Em poucos dias, a pet já passeava livremente na companhia, entrava e saía de reuniões, sentava na cadeira da copa para acompanhar o almoço dos colaboradores, e quando a gente menos esperava, ela estava nos fazendo companhia no banheiro.
Coisas peculiares, como ouvi-la bater na porta antes de entrar, ou tê-la participando concentradamente de reuniões, passaram a virar rotina na vida de quem trabalhava na H Mídia. Uma companhia fofa, quebra-gelo, agregadora. Responsável por boas risadas e pelo envolvimento conjunto da equipe em situações tensas demandadas por ela. Se tornou um mascote e tanto, e um pet comunitário. Todo mundo tinha um pouquinho dela em si, e ela, vários donos. E além dos colaboradores e do cãozinho, quem ganhava era o ambiente. Com aquele oxigênio, aquela janela que humanizava.
O mundo corporativo tem se mostrado cada vez mais favorável em mudanças que tornam o ambiente de trabalho um lugar melhor para os funcionários. Além de ações como a permissão para a presença de pets, existem companhias que praticam outras técnicas que também são caracterizadas por termos em inglês, como Mindfulness, método que relaxa e aumenta a produtividade, ou ainda Onboarding e Offboarding, recursos de inclusão e desligamento em empresas que colocam em primeiro lugar o bem-estar dos colaboradores.
Enfim, soluções que humanizam o ambiente, que levem em consideração as pessoas, e que naturalmente, ganham em produtividade, satisfação e a diminuição do “turn over”.
Os escritórios que permitem animais no local de trabalho, que é a pauta que trago, alegam que os bichinhos são capazes de ajudar na redução de nervosismo e no aumento da criatividade, além de espalharem fofura por todos os lugares. Outro benefício é que os donos dos animais não ficam desconcentrados no trabalho, por não precisarem se preocupar com os pets em casa sozinhos. Assim, os colaboradores ficam mais focados e produtivos.
Os animais também são ótimos para começar uma interação entre colegas, que podem iniciar uma conversa despretensiosa ao fazer carinho em um cachorro ou gato presente, por exemplo, e criar uma amizade no ambiente profissional, melhorando o networking. Mais um benefício levantado pelo estudo da Universidade da Virginia Commonwealth, é o de que os trabalhadores que levam seus cães para o ambiente profissional produzem baixos níveis de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse.
É claro que o bom senso sempre vale. Considerando o propósito da presença de todos ali, as trocas com os pets devem respeitar um envolvimento de tempo razoável, para que não se perca a concentração e foco nos objetivos do negócio e das suas pessoas.
A coisa faz tanto sentido, que a agência Young & Rubicam, por exemplo, adotou uma cachorrinha para ser a nova publicitária da casa: a Maya. Ela mora no ambiente durante a semana, circula livremente entre os, em torno, de trezentos funcionários, e é cuidada por todos, o que gera também um senso de pertencimento e responsabilidade na equipe, além do laço afetivo, é claro. Os finais de semanas funcionam com rodízio entre eles, o que a Maya, denomina em seu perfil nos Instagram, como “festa do pijama”.
Sim, ela tem um perfil nas redes sociais:)
E eu, que hoje não faço parte do dia a dia da H Mídia como colaboradora, fui surpreendida outro dia pelo convite da “Tina” para me seguir no Instagram. Sim, ela também tem um perfil, e como a Maya, já possui dezenas de seguidores. Dorme com essa! Dei uma lida por aí e descobri ainda que esses bichinhos podem permutar a promoção de serviços e acessórios de marcas, pelo usufruto dos mesmos, baixando ainda seu custo de vida, mantido pelos mantenedores e apaixonados “pet lovers”.
É mole?
Então… o mundo não para de mudar e mostrar que tem espaço para todos e para tudo. Que a vida pessoal e afetiva, e a vida profissional, não só não precisam andar separadas, como, quando juntas e misturadas, criam grandes benefícios para funcionários e empresas.
É um novo olhar, e é fofo. E porque não?
Juliana Silveira é co-founder da Dtail Gestão de Conteúdo e criadora do blog New Families, onde escreve semanalmente com um olhar de sensibilidade única sobre o recomeço da família após o divórcio.