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Nossos seres deste mundo… Somos pelo menos dois!

Nossos seres deste mundo… Somos pelo menos dois!

Nossos seres deste mundo… Somos pelo menos dois!

Quando se fala em estratégia de comunicação, em ações de marketing de relacionamento e aproximação com os públicos de uma marca, em conteúdo e em mídia, não se pode negar que vivemos em um mercado de pessoas que se dividem. Neste caso, entre os que são de tempos em que canais off-line eram os únicos e eficazes, e os que são da era mobile e digital.


Estamos falando aqui de “imigrantes digitais”, e daqueles que são “nativos digitais”, termos popularizados no ano 2000 pelo pesquisador e educador Marc Prensky.


Em artigo do site Gente Globosat, a definição da relação entre esses dois mundos me causou um desconforto estomacal, tamanha a sua franqueza e verdade: 


“A imigração aqui não se dá entre territórios, mas entre tempos: os imigrantes digitais carregam na memória um antes e depois das transformações do digital. Nesse processo, a mudança muitas vezes foi tão disruptiva que chegou a ser alienante.


Onde deveria ter existindo transição houve simplesmente exclusão.”


É isso que nos separa: os tempos. E estes são desafiadores, pois envolvem um comportamento natural diferente em nós, se é que podemos definir assim. Os imigrantes digitais, dos quais faço parte, não nasceram consumindo redes interconectadas e digitais, nem seus aparelhos de alta tecnologia.  É uma geração que iniciou a leitura, a busca pelo conhecimento e mesmo as pesquisas de mercado através de livros, jornais, registros escritos, públicos, pessoas, ou mesmo pela televisão. Nossas fontes naturais. Enquanto em paralelo, os nativos digitais têm suas referências visuais e de conteúdo, seja para o consumo que for, nas redes sociais e bibliotecas online, sobre as quais se acostumaram a transitar desde as suas primeiras necessidades de conexão.


Só que marcas desejam pessoas. Mesmo que determinadas por um segmento, passíveis de variação de origem, de cultura, hábitos e comportamentos. De dois tempos. E aí, se não levarmos a questão em consideração, estaremos deixando parte que quem nos interessa de fora. 


E se valer a informação, os imigrantes digitais são a grande maioria da população economicamente ativa no Brasil.


Mas se essa parcela da população atualmente está no mercado de trabalho, é produtiva e possui independência financeira, por que ninguém está se comunicando com elas? 


A resposta? Não estão falando a mesma língua. Como imigrantes, eles necessitam de tradução.


Essa disrupção tem causado inadequações dos dois lados: os imigrantes digitais não romperam do dia para a noite com seus hábitos e sua forma de ler o mundo, e as empresas nativas digitais não consideraram a (co)existência desses hábitos junto às novas formas de atendimento e entendimento dos consumidores. Não aceitar pagamentos em dinheiro e privilegiar o uso de aplicativos e QR code, como já ocorre em algumas partes do mundo, é um exemplo dessa imigração forçada e não inclusiva de quem ainda busca refúgio em hábitos arraigados. 


Então, educar é preciso. E isso começa por acolher. Planejar o caminho de transição com passos sólidos, que consideram a todos, que respeitam a cultura das pessoas. Que tornem a mudança de hábitos antigos das empresas consolidadas um caminho firme e amigo. Que se comunique com quem é parte, e com quem é público consumidor, de forma respeitosa. E assim, não deixando ninguém nem nada para trás. 


O que se traduz no uso das mídias, dos canais de comunicação, de conversa. Desses que conhecemos desde sempre e que, se bem planejados e conectados com as soluções digitais modernas, abraçam o todo e criam diálogo amistoso, humano e acolhedor. 


Enfim, trazendo todos para o barco que leva às mudanças, no qual todos se transformam juntos para melhor.


Afinal, não vivemos em um mundo de iguais. Teremos sempre os que chegaram primeiro e os que chegaram depois, o que não deve desmerecer a ninguém. Pois somos todos consumidores. Sedentos por consumo sim, mas também por boas conversas, bons argumentos e carinho. 


Nesse caminho as marcas atentas só têm a ganhar. 🙂


Juliana Silveira é co-founder da Dtail Gestão de Conteúdo e criadora do blog New Families, onde escreve semanalmente com um olhar de sensibilidade única sobre o recomeço da família após o divórcio. É também autora do livro Divórcio: A Construção da Felicidade no Depois.

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