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“Prefeitura de Porto Alegre quer proibir outdoors dentro da cidade”

“Prefeitura de Porto Alegre quer proibir outdoors dentro da cidade”

“Prefeitura de Porto Alegre quer proibir outdoors dentro da cidade”

Essa é uma manchete da Gaúcha ZH que ecoa nos nossos ouvidos desde o final da semana passada, quando o prefeito de Porto Alegre entrou na Câmara de Vereadores com um projeto que prevê que outdoors, front lights e painéis eletrônicos não sejam mais instalados no ambiente urbano da cidade. 


Vivemos mais uma vez a discussão delicada que permeia o termo “Cidade Limpa”, nome do projeto que limpou São Paulo da comunicação visual, ao invés de organizá-la.


Sim, é uma crítica. Afinal, além de empresários, empreendedores, pagantes de impostos e geradores de empregos, somos seres humanos de opinião. E a primeira crença que se tem no civilizado, na comunidade organizada, é o senso de justiça e equilíbrio entre os espaços e liberdades de todos.


Quando criticamos o “limpar” ao invés de “organizar”, é por acreditar que quem se propõe a exclusão só está escolhendo o caminho mais fácil. É quase preguiçoso  escolher por colocar tudo fora à opção de organizar e regular as coisas que são importantes que fiquem, e descartar o que realmente não contribui com o meio.


Espaço para Todos

Aqui, vale ressaltar, que o nosso meio não se trata só de meio ambiente. O meio do cidadão também é econômico, também é social, político e comercial. Vivemos em um espaço misto no qual exercemos a nossa humanidade de várias formas, desde passeios em parques e usufruto de vias urbanas para lazer, até o estabelecimento dos nossos negócios, da empregabilidade, do consumo e do voto. Tudo isso é o meio no qual a gente vive. E excluir uma atividade que atende a tantas demandas da comunidade por conta da proteção de um meio apenas, e de bases frágeis, já que a dita “poluição visual” é uma avaliação bem particular, soa pouco amplo, impositivo e autoritário. 


É só levarmos em consideração que as cidades mais desenvolvidas do mundo preveem espaço para todos. Pessoas e empreendedores. Inclusive na mídia exterior, como é o exemplo de Nova York, Tóquio e Paris, entre outros países livres, desenvolvidos e donos de grandes economias. Se a organização da comunicação urbana não fosse uma realidade viável, os países mais lindos do mundo na divulgação de publicidade, arte, iluminação e liberdade econômica não seriam os metros quadrados mais visitados do globo.


Regulação e Fiscalização

Só que dá trabalho organizar, regular e equilibrar. Exige gestão, inclusive de bandeiras e humores, e isso depende de diplomacia e olhar amplo. Na busca do atendimento de todos e não de pequenas vontades.


A título de comparação, vemos uma ação em Porto Alegre que tem o projeto “Cidade Limpa” de São Paulo como referência. Um projeto que exterminou um mercado inteiro e criou monopólios estrangeiros. Que tirou o dinheiro das mãos do empresário local e o poder de pequenos e médios exporem suas marcas, permitindo o fomento dos seus negócios.


Referências são ótimas marcas para orientarem um povo inteligente a construir novos caminhos. Mas devemos copiar o que é bom do que vemos por aí, e não reproduzir as falhas alheias em nome de seus pontos positivos. E a nossa cidade precisa sim de uma revisão do seu meio, de uma forma geral, e da publicidade como um de seus componentes. Precisa sim de regulação e fiscalização, comprometendo empresas do ramo a participarem da sua composição e contribuição pelos impostos e empregos gerados. 


Mas, de novo, isso exige trabalho. Exige um olhar para a nossa comunidade como um todo. Isenta de cores e bandeiras, e principalmente de interesses menores ou que resolvem apenas o problema de alguns. Enquanto sociedade, só andaremos para frente quando cuidarmos de todos e promovermos sua própria autonomia. 


E ela não ocorrerá retirando empresas gaúchas das ruas e colocando empresas estrangeiras e suas carteiras gordas. Poderá resolver o problema financeiro da prefeitura, mas quebrará parte da sua comunidade. 


Impostos e Empregos

Pequenos empresários, de todos os segmentos, que dão vida às suas marcas com pequenos investimentos em um painel ali, uma mídia de rua aqui, um indoor lá, que garantem a sua sobrevivência enquanto negócio. Ou empresas, algumas com mais de cinquenta anos no ramo, que empregam e trabalham junto à cidade de Porto Alegre com espaços de publicidade. Que geram impostos, e que pelas mãos dessa lei não refletida terão seus negócios ceifados, senão exterminados. Sem falar dos empregos indiretos que este gigante mercado gera para a empregabilidade na cidade. 


E não acreditamos que isso seja solução em nenhum mundo. Nem mesmo nesse nosso Brasil, nada fácil de se estabelecer. No qual enfrentamos batalhas diárias e que com toda a nossa potência e vontade de seguirmos promovendo o mercado local e nacional nos leva de novo à luta. Pela reflexão, conversa e equilíbrio. Pela democracia. Que é o que esperamos do nosso estado democrático.


Juliana Silveira é co-founder da Dtail Gestão de Conteúdo e criadora do blog New Families, onde escreve semanalmente com um olhar de sensibilidade única sobre o recomeço da família após o divórcio.

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