Que o mar de rosas de outubro toque corpos e almas…

Que o mar de rosas de outubro toque corpos e almas…

Escrevi outro dia sobre o Outubro Rosa. Menos focada na campanha de prevenção, já tão esgotada por aí. Na qualidade de escritora, optei por relatar, através de um exemplo conhecido e querido por mim, uma história de luta contra o câncer. De uma pessoa que usou a experiência profunda e sofrida do tratamento como impulso para mudanças importantes de comportamento, de valores, de afeto. Que usou a tempestade toda como forma de criar um ambiente de conversa, de acolhimento e de compartilhamento de experiências vividas durante a doença.


Eis que, no decorrer do mar de rosas de outubro, volto com o tema por identificar outra pertinência. Uma, que ao acompanhar alguns relatos, se fez desconforto. Me fez refletir.


“Vamos falar de solidariedade.”

Em tempos de redes sociais, de fotos bonitas expostas a todo o segundo no Instagram, da beleza como estereótipo de tempos tão pouco profundos, me perguntei sobre os impactos dessa doença de tratamento devastador no dia a dia dessas lutadoras. Destas mulheres que perdem seus cabelos, sua energia. Que perdem vida no corpo. Que secam. Tão fragilizadas pelos efeitos da medicação necessária à cura.


Não há opção aí. Nenhuma capaz de brigar com a régua elevada estabelecida pelos padrões expostos na vida digital. A não ser a fé, a vontade de viver, a crença de que é possível vencer e o reconhecimento da beleza da luta. E aí é que entra a questão que entendo tão importante ser abordada no Outubro Rosa. Vamos falar de solidariedade.


Movimentos como o Projeto Camaleão, que inclusive conta com a participação de uma grande amiga, trabalham com dedicação na elevação da autoestima das mulheres em tratamento. São profissionais que se empenham em doação à produção dessas mulheres e da beleza que há em cada uma. Identificam em cada mulher o que ilumina aquele indivíduo e o valorizam com maquiagens, lenços e perucas. Exibem belas mulheres de cabeça pelada. Lindos sorrisos de esperança. E isso é realmente perfumar com rosas o outubro de quem passa pelo tratamento do câncer de mama. De quem tem sua natureza mutilada pela falta de opção, a não ser a de lutar.


E esse projeto me emocionou. Relatado no Fantástico do último domingo, colocou holofotes sobre lindas guerreiras que tiveram este momento de vida materializado em fotografias artísticas sob um novo olhar. Sob os olhos de pessoas solidárias. Sob as lentes sensíveis de fotógrafos amigos da causa.


“Na empatia, nasce o olhar mais humano do ser”

Dia desses de outubro, a H Mídia amanheceu cor de rosa. Funcionários se vestiram em homenagem às lutadoras contra o câncer. E é bacana ver o efeito do rosa, este que representa tanta angustia às diagnosticadas e suas famílias, estampado dos pés à cabeça que quem conhece a luta à distância. Alguns com exemplos próximos, outros mais distantes, mas unidos na emoção de vestir os calçados do outro. Vestir a dor e ao mesmo tempo a força tão necessária para os que vivem a doença. E na empatia, nasce o olhar mais humano do ser. Este que precisa se colocar no lugar do outro para o fazer.


E se o Outubro Rosa servir para isso, se ele impulsionar este movimento, nascerão outras belezas. Daquelas verdadeiras, além das redes sociais, além do Instagram. A beleza que movimenta ações solidárias de cuidado e atenção com o próximo. Como estender a mão, por exemplo. E que comece tocando o seu corpo e o de quem você ama, no cuidado.


Uma homenagem especial à lutadora Loreni, colaboradora do time da H Mídia e vitoriosa na luta contra o câncer.


Juliana Silveira é criadora do blog New Families, onde escreve semanalmente com um olhar de sensibilidade única sobre o recomeço da família após o divórcio. É também autora do livro Divórcio: A Construção da Felicidade no Depois.

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